segunda-feira, 8 de abril de 2013

Distanciamento


© Márcia Sanchez Luz



(Img: Soyez Mystérieuses - Paul Gauguin)



















Com quantos paus eu faço uma canoa
que ao mar me entregue? Quero só sonhar
na noite que me alenta e a dor escoa
sem que ninguém me apresse o despertar.

Bem sei que a tempestade vai chegar
e medo ou covardia não perdoa.
Porém não posso desejar que o mar
simule a mansidão de uma lagoa.

Existe o risco de não ser possível
voltar à terra firme e aí então
terei até o fim por companheiras

estrelas. Sei que a paz, sempre aprazível,
vou encontrar e, livre de aflição,
a vida será leve e alvissareira.