terça-feira, 14 de abril de 2009

Nascer



Nascer não é tão fácil, te garanto,
pois que sair à luz do mundo é trauma
e nem a mais afável mãe acalma
o susto de encarar o novo em pranto.

Nascer é como a dor do fim do encanto
de se encontrar feliz em água calma
e se saber também nutrido em alma
por quem encontra sempre um novo canto

de proteção eterna, amor seguro.
Mas se nascer é assim tão enfadonho,
viver na solidão não muda a sorte.

Da luz interna, mesmo que no escuro,
saímos para a luz que ofusca o sonho.
Nascer é tão difícil, beira a morte!

© Márcia Sanchez Luz

9 comentários:

  1. "Nascer é tão difícil, beira a morte"
    com certeza, Márcia.
    parabéns pelo texto.
    abraços,
    Pedro

    ResponderExcluir
  2. Márcia,
    você escreve com uma concisão impressionante, gosto de tudo que você escreve, contida nas palavras e soberba nas ideias. Gosto de viver na solidão, preciso viver na solidão não para mudar a sorte, pelo contrário para acender a "luz interna, mesmo que no escuro", poetar todos os dias é nascer e morrer ao mesmo tempo. Nós sabemos disso não é mesmo?
    Belo soneto como sempre, minha amiga,
    abraços,

    Mauro Lúcio de Paula

    ResponderExcluir
  3. A poesia de Márcia é trabalhada com carinho, o que não lhe suprime o caráter de arrebatadora. Vibra, tem alma e faz a gente pensar...

    ResponderExcluir
  4. EXCELENTE! CAMONIANO! REFLEXÃO POÉTICA DE UM COMEÇO E DE UM DESTINO: NÃO SÓ DA VIDA, COMO DO AMOR. ABRAÇO, ROGEL SAMUEL

    ResponderExcluir
  5. Boa noite, Márcia. Saber de um novo soneto seu é um chamamento para conhecermos uma maneira muito peculiar de ver algo que faz parte da vida mas que se engrandece através do seu olhar. Nesse soneto há uma empatia muito grande da mãe para com o filho que nasce. Talvez a criança, da gestação ao nascimento, só tenha sensações da tepidez e do aconchego da vida intra-uterina e que talvez nem haja nisso uma consciência, por falta de outro referencial que diferencie dois estados de vivência. E a mãe que dá a vida dá a voz para que a criança fale de percepções que são da própria mãe. Ao ler o poema percebo, na forma, na maior parte dos versos a ambiguidade das pessoas, mãe e filho, não disjuntos, a ponto de ali estar escrito: "saimos para a luz que ofusca o sonho" na primeira pessoa do plural. Acredito que só a mulher que já deu à luz uma criança possa falar dessa indissociação que você revela. Algumas vezes fecho meus olhos demoradamente para constatar que pelo lado de dentro não há escuridão. Isso também está no seu soneto.
    Quanto ao nascimento, quanto ao parto em si, vou me abster de falar do que penso das tarefas hercúleas, até por uma questão de covardia. rs.
    Obrigado, Márcia, por permitir que eu conhecesse mais um belo soneto seu. bjs.
    Marco.

    ResponderExcluir
  6. O nascer...dor e prazer..lindo poema..tão lindo quanto vc...

    ResponderExcluir
  7. Márcia,
    Que lindo! Você domina a arte do soneto como poucos. E é a rara também a sensibilidade e profundidade de suas palavras.
    Parabéns, amiga.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  8. Marcia, minha irmã das letras...tomar consciência de um novo canto é nutrir-se de esperança. Parabens pelo poetar. Você é uma das pessoas que eu também quero ser quando crescer. A nossa Leila também é uma das pessoas que eu amo bastante. Bjos de luz, Grauninha

    ResponderExcluir
  9. Depois da luz que ofusca,
    Vem a clara evidência da esperança,
    Certeza de quem alimenta a fé.
    E a vida começa.
    Com todos os seus começos,
    Com todos os seus percalços,
    Posto que a paga é eterna!
    E tal qual o choro,
    Que compensa a dor (do parto),
    A eternidade nos premiará o gozo!

    Que Deus te abençoe,

    Caminha

    ResponderExcluir