sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Poema de Natal


Fonte: Google

Neste Natal quero paz nos corações.
Não aquela paz momentânea, doentia,
que só dura o tempo necessário
para a entrega dos presentes...

Não. Tem de ser eterna
a paz que eu espero!

Ela tem que durar
o tempo da humanidade,
o tempo da liberdade,
a idade da procura
por paz, amor e ventura.

Sim. Tem de ser eterna
a paz que eu espero!

© Márcia Sanchez Luz

sábado, 12 de dezembro de 2009

Presente de João Justiniano da Fonseca


Nosso Contrato.

Renove-se este contrato,
por todo o dois mil e dez.
Juros contados, de fato,
doze meses, mês a mês.

Sejas grata e eu seja grato
Ao zero nove, uma vez
que à farta nos trouxe o prato
o afeto, e amigos nos fez.

Ricos juros de amizade,
zero, ponto, querer bem,
até ao meu fim de idade...

Quando eu partir, eis, vê bem,
guardarás minha saudade
por todo o teu tempo. Amém!


João Justiniano da Fonseca
11 de dezembro de 2009

João, querido amigo, obrigada pelo lindo e carinhoso presente em forma de soneto. Saiba que tocou fundo meu coração.
Como falei por email, gosto de guardar a saudade enquanto a vida corre em nossas veias...

Márcia

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Para lembrar o que não houve


Fonte: Google

Em dois minutos de magia pura
cantamos juntos versos ao luar.
Você jurava que o dia a chegar
seria para nós a partitura

do amor infindo (laço que perdura)
da noite eterna feita pra abrigar
os sonhos nossos de nunca adiar
as tardes calmas, cheias de ternura.

Por que não se tornaram realidade
os nossos sentimentos e desejos
cantados em total cumplicidade?

Os dois minutos de felicidade
deram lugar a pálidos tracejos
do que seria vida e hoje é saudade.

© Márcia Sanchez Luz

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Sonhos

Homenagem a Miguel Russowsky e Mercedes Sosa


Imagem do Google

A rotina me assusta e desencanta,
faz meus sonhos dormirem sem cessar.
E quando chega a noite a me assombrar,
meus pesadelos o temor levanta.

Faço de conta que chorar adianta
e que é melhor estrelas eu contar:
deitada fecho os olhos, tomo ar...
consigo ver Castor que se agiganta

e me encoraja a crer que inda é possível
mudar o rumo de uma noite triste
porque a esperança é luz que não desiste.

O dia acorda e a estrela inda é visível,
pois que seu brilho a toda dor resiste
trazendo, à vida, o sonho que persiste.


© Márcia Sanchez Luz



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cicatrizes



O que foi dito, amor, já está guardado,
virou história que magoa em vão.
E se as palavras voam, na emoção
meu coração pranteia, amargurado.

O que ficou no meu sentir gravado
é pensamento em plena ebulição
que nem por força, nem por ablação
consegue reduzir o desagrado.

Pro que foi dito não há mais remédio,
pois que o elixir que abranda não demove
o mal que me causaste - que agonia!

E se o perdão aliviasse o tédio
que sinto (mesmo que da dor só prove)
estejas certo, é tudo o que eu faria!


© Márcia Sanchez Luz

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Vida


Imagem do Google


Se digo que pra tudo há recomeço
e que a tristeza um dia se desfaz,
é porque o inverno, triste cinza-espesso,
a luz da primavera em si já traz.

Se calo-me e da dor não me despeço
e não censuro o sonho (que é fugaz),
é porque guardo a noite em mim, confesso,
pois nela eu sinto que sou mais capaz.

Fico em silêncio em meio aos meus segredos
enquanto a lua se despede aos poucos
e dá lugar ao sol e seus enredos.

Pairam no ar sementes de verão!
E verdejantes são as suas folhas,
valentes como o dom da floração!


© Márcia Sanchez Luz

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Selo Blog de Ouro


O Imaginário recebe, do poeta Daufen Bach,
o selo Blog de Ouro.


Daufen, muito obrigada pelo carinho do presente!


Bom, vamos às regras...

1. Exiba a imagem do selo “Blog de Ouro”;
2. Poste o link do blog de quem te indicou;
3. Indique 4 blogs de sua preferência;
4. Avise seus indicados;
5. Publique as regras;
6. Confira se os blogs indicados repassaram o selo.

E eis os meus indicados:

Coisas do Chico
Cultura Nordestina
Graça Graúna
Links, thinks e things

sábado, 25 de julho de 2009

Trova de Márcia Sanchez Luz


Piedade



Tela: Wassily Kandinsky


Se nem de mim tens piedade
quando em teus braços me queixo,
como saber se é verdade
o sabor daquele beijo?

© Márcia Sanchez Luz

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Bilhete de Julieta


Foto: Márcia Sanchez Luz

Por que você partiu sem me contar
que o fim estava próximo e que nós
não poderíamos nos ver após
a cotovia, lúgubre, cantar?

Não foi de fato amor de acarinhar,
nem foi de fato amar de amor feroz.
Da forma como veio, assim veloz,
partiu e me deixou sem me acordar.

E agora o que fazer sem seu carinho
para acalmar a febre em sonhos meus?
Não quero mais ninguém em nosso ninho.

Eu sei - a vida é assim -, dirá quem ler,
mas não sei mais o que fazer, meu Deus!
Como é difícil deste amor morrer!

© Márcia Sanchez Luz

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Laços Lassos



Fotografia de Christian Coigny

Não quero mais teu corpo a me tocar
pois que já mal decifro o que estas mãos
me dizem quando ponho-me a te olhar
e não descubro nelas afeição.

Não posso com teu corpo concordar
e me fingir ausente em sins e nãos;
isto seria o mesmo que negar
que ao lado teu não vejo solução.

Aí me pego aflita, em mil pedaços
e me distraio quando escrevo um verso
que me responde (meio de tropeço)

o que já sei de nossos laços lassos.
Agora entendes o meu ser disperso?
É a solidão a reclamar seu preço.


© Márcia Sanchez Luz


domingo, 31 de maio de 2009

Trilogia - Poema de Márcia Sanchez Luz


Imagem do Google


Sabor ao vento de uma calmaria.
Transpiro afagos, doces fantasias!
Verdade incerta, porém que me alenta.

Serenidade!

Tristeza insana que nunca se acalma
nas noites frias de canções vazias.
Corações secos – onde está a alma?

Insanidade!

Calor profundo que me assola o ventre!
O amor surgiu, leve e passageiro,
trazendo a febre de um furor festeiro.

Corporeidade!


© Márcia Sanchez Luz

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Beijo Diferente


Tela de Salvador Dalí

Quero te dar um beijo diferente,
um beijo de verdade, pra corar-te;
um beijo intenso, feito beijo d’arte,
que marque o coração eternamente.

Quero te dar um beijo tão ardente,
que nem que vás pra longe, para Marte,
dele te esqueças e jamais te fartes
de mim e deste amor por ti, crescente.

Que seja um beijo mais do que faceiro,
travesso como um pássaro altaneiro
alçando voos pelo azul celeste.

E que este beijo seja companheiro
eterno e terno, pois que mensageiro
do afeto, do carinho que me veste.

© Márcia Sanchez Luz

terça-feira, 14 de abril de 2009

Nascer



Nascer não é tão fácil, te garanto,
pois que sair à luz do mundo é trauma
e nem a mais afável mãe acalma
o susto de encarar o novo em pranto.

Nascer é como a dor do fim do encanto
de se encontrar feliz em água calma
e se saber também nutrido em alma
por quem encontra sempre um novo canto

de proteção eterna, amor seguro.
Mas se nascer é assim tão enfadonho,
viver na solidão não muda a sorte.

Da luz interna, mesmo que no escuro,
saímos para a luz que ofusca o sonho.
Nascer é tão difícil, beira a morte!

© Márcia Sanchez Luz

terça-feira, 31 de março de 2009

Crônica de Rubem Alves



Escutatório

Rubem Alves


Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.

Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.

Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U“ definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “Meus irmãos, vamos cantar o hino...“ Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto... (O amor que acende a lua, pág. 65.)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Posse na Academia de Letras do Brasil


É a primeira vez que sou empossada em uma Academia de Letras, motivo de felicidade e de júbilo para mim, por considerar muito importante o reconhecimento do esforço, dedicação e amor que uma escritora possui pelo seu ofício. Estou certa de que todos os meus amigos vibrarão comigo e por isso quero compartilhar este instante de extrema alegria com eles e com todos os que sabem avaliar o valor de um momento como este na vida de alguém que ama e se dedica à Literatura Brasileira.




Defesa:

Apresentamos e defendemos, junto aos escritores Membros da Academia de Letras do Brasil, a Imortal Escritora Márcia Sanchez Luz. Por força e mérito de sua expressão literária, após profundas investigações, curvamo-nos ao seu talento e irrefutável arte literária. Sua escrita é digna de representar com excelência a literatura brasileira. (Mário Carabajal).


sexta-feira, 20 de março de 2009

Melodia para "O amor no sonho"


Soneto "O amor no sonho", de Márcia Sanchez Luz, ganha melodia do compositor Cardo Peixoto

Para ouvir a canção, clique no título do soneto ou no "player" à direita desta página.

sábado, 14 de março de 2009

O amor no sonho



Imagem do Google

O amor é tão perfeito quando durmo,
que mal me dá vontade de acordar!
Mas não tem jeito – o dia vem soturno
e o sonho acaba. É duro acreditar.

O amor no sonho é como o deus Saturno,
num farto, afoito e intenso festejar;
o adeus ao laço – algoz e taciturno –
que avilta, agride e evita o libertar.

O amor de sonho é sempre um aconchego;
permite ao colibri (que não descansa)
um beijo à flor que finge desapego.

Amor assim é sábado constante;
acalma o que guardado a dor alcança
e afasta a realidade lancinante.

© Márcia Sanchez Luz

segunda-feira, 9 de março de 2009

Bosconeana, de Alvaro Cueva

A gaveta que abri
Me abriu a ferida
Restos guardados
Poeira da vida
Ah, é só isso que dá
Freqüentar meu passado

Num papel de cigarro
A promessa indevida
Fica estranho pensar
Que hoje é o resto da vida
Ah, tua sombra lilás
Meu olhar desbotado

A foto apagada
A carta escondida
O ano na agenda
A flor esquecida
A caixa do nosso bombom
O velho cobertor

Uma concha vulgar
Lembra a praia perdida
O teu sabor de sal
Uma onda bem-vinda
Ah, ainda gosto do mar
Ah, ainda gosto um bocado
Fecho a gaveta verdade
Tranco a dor que há em mim

Ah, ainda o gosto do mar
Ah, ainda gosto um bocado
Já que eu não mato a saudade
Vou fazê-la dormir

Álvaro Cueva - Compositor,sócio do Clube Caiubí de Compositores, lançou em 2005 seu primeiro álbum independente, 'Canabi Emotiva', com participação de Alexandre Cueva, Zé Rodrix, Toninho Ferragutti, Proveta e Marcelo Pretto, entre outros. Em 1989 lançou, junto com a Banda Rés o LP Rés Derelictae, com várias de suas composições. Participou de vários Festivais (Tatui, Avaré, Carrefour, Projeto Nascente - USP etc.). Formou-se em Artes Cênicas, tendo na teatralidade de suas canções uma das características mais marcantes de seu trabalho.

http://clubecaiubi.ning.com/profile/alvarocueva

Contato:
(11) 8359-7796
alvarocueva@gmail.com

(Publicado com a autorização do compositor)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Lua Negra

© Márcia Sanchez Luz


Img: Márcia Sanchez Luz























Amo demais que até ferida brota
na cálida, escondida lua negra
dos meus delírios (dor que desintegra
calma desnuda em chuva de gaivota).

Os olhos choram mares, geram grotas,
fabricam densa nuvem que se integra
ao corpo equivocado pela entrega
sofrida num adeus desfeito em gotas.

Amo demais, eu sei, mas o que faço
se de outro jeito não conheço o amor?
A minha sina é nunca combater

o que me atrai e gera descompasso.
Se por um lado existe o dissabor,
tenho da vida a flor que vi nascer.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Dor Silente


Imagem do Google

Vivemos nosso amor estranhamente,
como crianças que no olhar se afagam
e se entretêm em sons e ali propagam
a lente do querer de antigamente.

Vivemos neste amor a dor silente:
desejos feito barcos que naufragam
tal como sonhos que no fim deságuam
na imensidão do mar ambivalente.

Amamos como dois mandarins novos,
com flores perfumando sonhos nossos
e nos trazendo o som da valsa eterna.

E deste amor que atrai e não descasa
irei guardar o afeto que extravasa
pureza do sentir que desgoverna.

© Márcia Sanchez Luz

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Infinda Solidão


Il Bacio - Gustave Klimt


Por quem me tomas quando o amor que sinto
da carne dista, é sensação do peito?
O anseio que me assola é puro instinto
guardado no sonhar sem preconceito.

Por quem me tomas neste labirinto
de dor e medo e cheio de defeito?
O meu sentir não pode ser extinto
por conta de um conflito sem efeito.

Por ora busco alguma direção
para aquietar-me a mente tão doída
que só concebe o que não tem razão.

Se eu não achar porém explicação
passível de curar esta ferida,
me entregarei somente à solidão.

© Márcia Sanchez Luz